quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A minha terra e as minhas convicções





Para aqueles que não conhecem, Figueiró dos Vinhos é um pacato concelho no interior do distrito de Leiria. Pacato mas simplesmente belo e acolhedor. Sempre que tenho o prazer de ir à minha terra sinto uma grande paz interior e uma alegria que me vai consumindo a cada minuto que permaneço na “Sintra do Norte”. Figueiró dos Vinhos é a minha casa, é a terra que me viu crescer e que, em parte, ajudou a formar-me como pessoa completamente convicta das suas causas. Convido desde já toda a gente a visitar, acreditem que é uma supresa agradável e do ponto de vista ambiental é do “melhorzinho” que já vi neste país. Infelizmente por motivos pessoais e profissionais não passo tanto tempo, como desejaria, no berço onde cresci. Contudo à luz de tempos anteriores procurei sempre inteirar-me tanto dos problemas do concelho como os da minha freguesia em particular.



Este pensamento e desabafo aqui subjacente vem no seguimento de um atribulado “rescaldo” eleitoral do passado dia 11 de Outubro. Apesar de não ter qualquer formação politica sou uma cidadã atenta e que procura informação partidária. Os meus curtos 22 anos não me impedem, em nada, de ter opinião formada acerca dos reais problemas do país bem como da realidade autarquica. Por não me rever em nenhum partido politico representado no concelho acabo por ter uma visão independente. Considero até que as máquinas partidárias e as mentalidades “clubistas” apenas servem como entrave ao desenvolvimento e à boa relação entre cidadãos (pelo menos a nível autarquico). Uma das frases que muitas vezes digo é que nos dias de hoje, muitas pessoas são de um determinado partido como são do Benfica. Como Benfiquista, assumo que o sou porque isso me foi incutido por familiares desde tenra idade sendo que essa preferência clubista é já uma “hormona” que me corre nas veias. Contrariamente a isto um partido tem ideiais subjacentes, que grande parte da população desconhece e não se interessa tão pouco em conhecer. Ao conviver diariamente com pessoas da minha geração e até de gerações mais velhas não deixo de me sentir revoltada com a mentalidade que vai sendo criada por este país fora. Uma mentalidade que incentiva a preguiça intelectual. “Sou de partido “A” porque sim”, “Vou votar no “Manel” porque é do meu partido” sem no entanto lerem o programa eleitoral implícito. Hoje em dia qualquer pessoa tem acesso livre a uma biblioteca ou a um computador com internet portanto o facto de não se ter “nascido em berço de ouro” não é desculpa. Eu estudo, trabalho e ainda tenho tempo para me formar como pessoa e cidadã. Não obstante a tudo isto respeito profundamente a intenção de voto de qualquer cidadão, vivemos em democracia e a liberdade de expressão, contrariamente à opinião de muitos, é uma das melhores coisas que a nossa sociedade nos oferece. Aliás a discussão de ideias é boa não só para o crescimento pessoal como para o desenvolvimento social.



As pessoas têm de se convencer que a política faz-se nos locais próprios e quem se mostrar realmente interessado pela realidade autarquica devia deslocar-se às assembleias de freguesia que por alguma coisa têm sessões publicas. Lá podem ouvir as propostas de ambas as partes e constituir opinião própria. Na impossibilidade de comparência perguntem o que foi debatido, mostrem interesse e sejam politicamente activos. Não são apenas os executivos autarquicos que têm um papel preponderante no desenvolvimento de uma determinada localidade. A oposição tem a obrigação de propor e e fazer com que se cumpram as propostas apresentadas em assembleia. Temos de constituir um concelho activo do ponto de vista social e deixar-mos de lado o pensamento: “Eles estão lá eles que façam” ou “Não vamos aceitar essa proposta porque veio do partido B”. Seja qual for o partido politico que leve este mote em frente vai ter sempre a minha reprovação. Podem até citar a obra de Thomas More e chamarem-me de utópica, mas são estas as minhas convicções.



Orgulho-me da minha posição, das causas que defendo uma vez que a minha mentalidade politica e social vem a ser construida desde que me conheço como gente. Não quero parar no tempo, quero continuar a evoluir. Provavelmente daqui a 10 anos rio-me deste texto, porque o ser humano cresce e evolui. Mas neste momento a minha consciencia pede-me que escreva estas humildes e sinceras linhas afim de partilhar convosco o meu desagrado pelo desconhecimento e pela critica que não tem a coragem de dar a cara pelas convicções que defende. Gostava sinceramente de ter um debate de ideias com todos os autores dos varios comentários anónimos que o site da minha freguesia foi alvo. Facilmente comprovariam que as ideias vêm todas da minha cabeça e que não sou nenhum fantoche como quiseram transparecer. Sugiro que leiam e releiam os meus textos porque ambos têm uma mensagem subjacente que a vossa cegueira não conseguiu retirar. Podem até levantar os mais infames insultos que não é isso que me preocupa. A única coisa que não admito é que coloquem em dúvida a veracidade das minhas palavras assim como a falta de respeito por mim demonstrada. Entristece-me estar no século XXI e observar mentalidades machistas e anti democratas. Realmente é muito fácil partir para a acusação e ofença pessoal quando se trata apenas uma miúda. Não subestimem as pessoas que têm por perto, qualquer opinião é válida e saibam ouvir até mesmo uma mulher. Espero sinceramente que este texto sirva pelo menos para abrir as mentalidades mais fechadas e que possamos todos juntos caminhar numa direcção comum.




7 comentários:

  1. Boas, espero que a Maitê Proença" não vá vizitar a nossa terra, por lhe chamares"Sintra do Norte"
    Cumps.

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  2. Fazem falta mais pessoas com estas ideias para a nossa terra. Os meus parabéns pela coragem.

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  3. Assim vale a pena ter irmãs, lol...
    Deixo aqui uma ideia, que tal organizar um debate sobre o livro de visitas do site??? Ao vivo e a cores... Ia ser bastante esclarecedor.

    José Baião

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  4. É por isto que eu te adoro! :)

    "Quanto mais alto nos elevamos, menores parecemos aos olhos daqueles que não sabem voar"(FN)...

    Mónica

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  5. Parabéns Margarida. Fazem falta mais pessoas com tanta fibra ao nosso concelho. Sem duvida uma mentalidade coesa.

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  6. Olá. Já falei ctg algumas vezes, sei kem tu es e tu sabes kem eu sou mas isso nem vem ao caso ... Depois de ver de novo o site (?) das bairradas (já lá n ia há uma semana, embora fosse dos primeiros a conhecer !)apeteceu-me dizer-te, sei lá "Não ligues".
    O "margaridinha" não é depreciativo nem te torna mais pequena, mas tu tás claramente fora do mundo em que aquela discussão gira em torno de azeite, mel e copos de vinho. É pouco
    e além disso é de muito mau tom. Parabens, estão giros os textos do blogue !

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  7. Boas Margarida! Li o teu texto com atenção e partilho em parte o que escreves, penso que efectivamente teremos que procurar tanto em Bairradas como em Figueiró como em qualquer outra localidade, sentarmo-nos à mesa e debater ideias concretas, ou talvez até esboços de ideias que possam ser encaminhadas e construidas até serem concretas! Acredito nisso porque foi assim que se "chegou a algum lado" em tempos remotos e porque acredito no poder da democracia e da participação de todos para o bem de todos! É de facto triste olhar para a terra onde crescemos e ver que como se costuma de dizer "há muita coisa entregue aos bichos", não por ser o partido A ou B que está no poder,mas sim por não haver tolerância e respeito por aquilo que cada um acredita que tem a dizer e que só por isso deve constituir motivo para que efectivamente o possa dizer. Penso também que está na hora de "arregaçar as mangas" e em prol de um amanhã melhor que o de hoje,unirem-se esforços para um futuro melhor!
    E mais digo, é da nossa inteira responsabilidade "jovens e menos jovens" fazer alguma coisa para que isso aconteça!
    Muitos parabens pelo blog :) sempre que possa venho visitar-te mais vezes.

    Um beijo,
    António Dias

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